Uma palavra ao general

O general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, queixou-se há pouco, falando na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, de que estariam faltando pensadores capazes de elaborar "novas estruturas mentais e novos caminhos de evolução" capazes de dar ao Brasil um sentido de projeto nacional.

Como tantos estão fazendo, esta noite, tenho também a dizer o que se segue:

Não é verdade, general, que nosso país careça de pensadores capazes de ousar na proposição de novas estruturas mentais e novos caminhos de evolução. Ao contrário, os possui e em quantidade.

O sr. próprio, pelo que se depreende do todo de sua fala diante dos circunspectos integrantes daquela Comissão — talvez por terem se dado conta de estar ocorrendo ali, naquele instante, um fato histórico — é prova do contrário daquilo que afirma.

Pensa-se, sim, dentro do Brasil, de uma forma nova. E tal pensamento não é mérito pessoal de ninguém. Ao contrário, trata-se de mera consequência das reflexões feitas sobre aquilo que as mentes mais poderosas já produzidas pela espécie humana elaboraram ao longo dessa trágica porém gloriosa jornada.

Ponto alfa: nosso País (como de resto todo o planeta) precisa com urgência de mais e melhor educação.

Educação em todos os sentidos, inclusive política (ao contrário do que advoga o cidadão Cristovão Buarque, a quem o sr. curiosamente se dirigiu durante sua fala).

Educação para ousar, divergir, construir e voltar a ousar.

E isto só se consegue através de uma decisão de Estado. De investimento maciços. De intercâmbio com outras nações. De experimentações, de erros e de acertos.

Foi esse o sentido grandioso do projeto de governo recém interditado por um criminoso, indecente, calhorda golpe de estado que tem como um de seus agentes o traidor Michel Temer. Esse mesmíssimo Temer com quem o senhor compartilha o poder, como se vivesse o Brasil na mais plena normalidade institucional.

Não cometa o pecado mortal da hipocrisia, general Villas Bôas.

Texto produzido em 22/06/2017