Pelo Brasil e pelo planeta!

Quando, em que momento da história brasileira tivemos tão clara a necessidade e a oportunidade, como esta que se apresenta, de confrontar o mal em sua essência, e a partir desse confronto recuperar os meios de retomarmos nossa tarefa contribuidora para o avanço do processo civilizatório?

A pergunta é retórica, claro. O fato é que a situação que está posta em nosso País, neste exato instante, é inédita e crucial. Não somos um povo qualquer, uma nação secundária na ordem estabelecida. Muito ao contrário, temos um destino a alcançar, uma missão transcendente a cumprir.

Vamos rememorar: a índole do brasileiro, antes (deste exato período em que nos encontramos, 2018-2022) tão benquista mundo afora, resultou/resulta da miscigenação, senão de todas, com certeza da maioria das raças e linhagens genealógicas que desde sempre se desenvolveram sobre a Terra.

A partir dos descendentes dos nômades provenientes da Beríngia (diz-se), que aqui se estabeleceram há 14.000 anos, passando pelos europeus de diferentes latitudes, herdeiros genéticos de alguns dos hominídeos mais antigos (neandertais e sapiens, em especial), e pela decisiva contribuição dos antiquíssimos africanos, nesta terra da promissão, neste país do futuro se constituiu uma mistura especial de sangues e uma gente capaz de assumir um singular protagonismo cósmico.

Há quem condene o espírito alegre, acolhedor, emocional e festivo deste povo. Há mesmo quem desgoste do modo físico, epidérmico com que ele expressa e entrega sua amizade, atribuindo a isso um caráter talvez superficial e frívolo. E há, principalmente, quem aponte esse modo de ser como alienação e um certo conformismo com as misérias que o Brasil tem enfrentado nestes cinco séculos de existência (misérias, a bem da verdade, impingidas, patrocinadas e renovadas pela casagrande).

Todos que assim pensam, me desculpem, estão olhando apenas para a metade vazia do copo. Não cabe especular em profundidade sobre as razões particulares das idiossincrasias dessas pessoas em relação ao chamado caráter do brasileiro. Cada qual que faça seu exame de consciência. Digo, apenas, que não se pode transferir ao outro aquilo que não somos (ou fomos) capazes de ser e fazer como indivíduos, ou como povos, aquém ou além-mar.

Cobrar do brasileiro que realize uma revolução sangrenta, com o fim de libertar-se do jugo a que está, em sua maioria, submetido, é um engano histórico (porque as revoluções desse tipo não obtiveram verdadeiro sucesso) e uma cegueira objetiva (porque ignora o fato de que as mais duradouras inflexões civilizatórias são aquelas que se efetivam pela via da cultura). O povo deste País tem sua própria régua e seu próprio compasso.

Alguém perguntaria: E como se explica o extremismo ideológico de direita a que estamos submetidos nesta década, em especial nos últimos seis anos? Respondo: Explica-se pelas imposições da História. É a História, estúpido!, diria alguém, com melhor propriedade.

E a História impôs que nos defrontássemos com nossos demônios. Não pela via do sangue nas ruas, mas certamente pela dor derramada no coração dos milhares que tiveram seus entes queridos ceifados pelo vírus, pelo sofrimento da miséria e da fome agora aumentadas, pelo desespero da falta de perspectivas diante da complexificação do mundo do trabalho, pela subtração da alegria, pela imposição de um medo difuso e, mais recentemente, pela dissensão entre amigos e no seio das famílias.

Nossa sorte, se assim podemos definir, é que todas essas pragas vêm ocorrendo no curto período dos últimos seis anos, com maior intensidade a partir da eleição desse indivíduo abominável que se encontra à frente do governo brasileiro. Seu protagonismo nefasto está à vista de todos, reproduzido, replicado, compartilhado pelas novíssimas redes sociais globalizadas, operando, sim, na propagação do péssimo exemplo, mas igualmente em grande medida na disseminação do seu contrário: o espanto e o repúdio a tais aberrações.

Isso é determinismo histórico? Não penso assim. Fomos nós, brasileiros e brasileiras, que buscamos essa condição em que nos encontramos. Os culpados não são os outros, somos nós mesmos aí, sim, cabe a autocrítica! , com nosso proverbial distraimento e atávico egoísmo. Éramos tão felizes, que nos esquecemos de distribuir equitativamente as benesses que usufruíamos (usufruímos).

Fomos lerdos em socializar a bonança, demoramos a ampliar as oportunidades e, principalmente, negligenciamos a tarefa de conscientizar as pessoas sobre as razões objetivas de seus sucessos ou fracassos. Distraídos e egoístas, perdemos. E possibilitamos que ascendesse ao poder um personagem como esse, ridículo porém maligno, capaz de despertar os mais primários e baixos instintos presentes na psique humana.

Estamos pagando esse preço e essa conta. E é por isso que neste momento da história brasileira (30 de Outubro de 2022, para ser exato) temos tão clara a necessidade e a oportunidade de confrontarmos o mal em sua essência, e a partir desse confronto recuperar os meios de retomarmos nossa tarefa contribuidora para o avanço do processo civilizatório.

Adiante!

Pelo Brasil e pelo planeta!

 

Porque Lula vai vencer esta eleição

Esse sujeito que está aí, destruindo o Brasil (a nação mais miscigenada do planeta), teve/tem sua função cósmica: ele veio/serviu para fazer aflorar de vez a inteireza da hipocrisia e da violência que sempre esteve latente no âmago da elite econômica brasileira (os históricos senhores de terras escravocratas, seus herdeiros, sucessores e imitadores), espraiando-se para parcelas da classe média urbana eternamente insegura em sua mediocridade (e por isso inclinada ao autoritarismo) e para segmentos da classe pobre manipulados pelo uso criminoso da religiosidade e da submissão econômica.

Com esse sujeito desclassificado que se encontra na Presidência da República, desde janeiro de 2019, chegamos ao extremo da torpeza, dos piores instintos, do horror humano. Abaixo dele não há mais o que descer. Esse indivíduo é a nossa purgação. Não no sentido religioso, mas no sanitário/social mesmo, no de uma limpeza necessária, imprescindível, incontornável, que as revoluções às vezes fazem, mas que todo país um dia tem de vivenciar.

É aquela história de nos defrontarmos com nossos demônios e esse indivíduo desprezível encarna os nossos demônios. Não podemos fugir deles(dele). Temos de encará-los(lo), suplantá-los(lo), esmagá-los(lo) e seguir em frente, libertos, livres para enfrentar os novos e grandiosos desafios que nossa espécie tem adiante, enfrentamentos estes que não serão feitos sem a contribuição ativa do povo brasileiro.

Não dos violentos, dos insanos, dos criminosos integrantes da casa-grande (na definição de Gilberto Freyre, em contraposição à senzala), essa parcela social dita elitizada, que tenta nos puxar para trás e para baixo (a qual venceremos nessa eleição!). E sim a contribuição dessa outra parcela, a maioria do povo deste País, que tem o coração e a mente apontados para o bom e possível futuro da Humanidade, ainda que muitos estejam momentaneamente atordoados pelo ódio e a intolerância.

Vamos, sim, vencer no dia 30 de Outubro de 2022, apesar dos bilhões do dinheiro público que estão sendo gastos para comprar a consciência das classes média e pobre; apesar das mentiras em massa, das manipulações psicossociais, da exploração da fé dos incautos, das violências físicas e mentais.

A vitória de Lula se dará porque, concretamente, sua candidatura não mais lhe pertence. Neste momento, a eleição de Lula encarna o dever desta geração de brasileiros de legar ao futuro a retomada do passo civilizatório que se encontra interrompido em nosso País. Outro dia, conversando com um amigo fraterno, lembrei-lhe ser fundamental que, até o próximo 30 de Outubro, a gente (os que sabem que estão do lado certo da luta) nos acalmemos apesar da tensão que está posta.

Não podemos nos deixar dominar por nossos medos atávicos; a vitória está à vista. Não temos uma montanha para superar. O que temos é uma corrida na planície, e nosso atleta-candidato (graças aos deuses!) está na frente e, como constatamos, com força mental e disposição física, plenamente consciente da missão que a História lhe confiou. As multidões que o seguem, Brasil afora, são movidas pela esperança, sim, mas principalmente pela sabedoria.