QUEM vai educar? Este é um questionamento fundamental.
A quem delegaremos o poder de moldar nossas ideias, definir as regras da sociedade em que vivemos, desenhar nosso futuro?
A ninguém, respondo.
O homem, a espécie humana, não carece de um condutor, de alguém que lhe aponte caminhos.
Até porque não há caminhos a apontar. O que há é, simplesmente, a luta pela sobrevivência — essa luta primordial — e a necessidade de mantermos o convívio saudável com nossos equivalentes (nem digo iguais, porque esse é um termo impreciso, enganoso, que suscita reações desnecessárias).
Somos equivalemos COMO e EM espécie. Valemos pelo que somos e podemos contribuir, ao longo da nossa existência, para o avanço civilizatório.
Se nos contentamos com tutela e, por consequência, mediocrizamos nossa existência planetária, de pouco ou nada valemos.
Ah, mas isso é uma utopia!, dirão alguns.
Sim. E não.
Sim, porque ainda não foi tentado de forma consciente, sistemática, estrutural.
Não, porque muitos, ao longo da História, têm tido a felicidade de escolher este caminho, destacando-se, por consequência, da mediocridade da manada.
É por isso que, da mesma forma como não devemos ser intolerantes com as deficiências humanas, ou com nossas diferenças, não temos, igualmente, de mitificar a inteligência, a beleza, a habilidade, ou qualquer dos predicados naturais de quem quer que seja.
A mitificação é paralisante, conformista, redutora.
Quem possui um predicado, na verdade recebeu um dote e por ele deve zelar, desenvolvê-lo, maximizá-lo em favor da espécie e não em benefício próprio, de grupos ou segmentos sociais.
A resposta ao COMO educar está dada pela ação consciente dos protagonistas do QUEM.
Nenhum governo, de nenhum país, em qualquer tempo histórico se prestará ao papel de educador para a liberdade e integridade humana. Nem os estados, nem as religiões, foram inventados para isso. Muito ao contrário, muito ao contrário.
Texto produzido em 12/11/2017