Fatos, fatos, fatos

Não podemos ficar indiferentes diante do mundo.
Quem, de boa-fé, ignora o desastre humanitário instalado no Oriente Médio, onde a garantia do fornecimento de petróleo às grandes potências produziu a destruição de povos de milenares tradições, fato que está na raiz do extremismo religioso hoje dominante?

Como não se sensibilizar com a interminável submissão e o genocídio dos povos africanos, desde sempre tratados como seres de segunda classe, sem que ao menos se respeite o fato de nossa espécie ter origem naquele grande continente?

É possível ignorar as delicadas relações entre a Rússia e seus antigos países satélites, ex-integrantes da União Soviétiva, fato gerador de tensões políticas com reflexo em todo o mundo?

O que dizer da União Européia em processo acelerado de desagregação política e social, em grande parte devido ao fato de seus países serem destino de milhões de refugiados, terreno fértil à proliferação de ódios raciais e intolerância religiosa?

E a China, a Índia... Como ignorar as pressões ambientais produzidas nesses países, a partir da necessidade de alimentar, vestir e acomodar suas imensas populações de mais de um bilhão de pessoas cada um?

Some-se a esse mosaico trágico a terrível situação do México, do Caribe, das Américas Central e do Sul, com seus países econômica e politicamente fragilizados, em especial o Brasil, vítima de recentíssimo golpe de Estado, exatamente (e até por causa disso) quando se afirmava internacionalmente como nova potência petrolífera e se lançava num processo bem sucedido de resgate social.

Esses são alguns dos fatos que atormentam a consciência das pessoas neste início do século XXI, potencializados pelas inseguranças próprias de cada ser humano, que são tanto maiores quanto mais as tecnologias vão nos separando (atomizando) uns dos outros, mesmo quando nos aproximam via redes virtuais.

Não nos é permitido ficar indiferentes a este mundo, mas temos de aprender a lidar com a velocidade do nosso tempo. E atentar para um novíssimo fato: os ciclos históricos vêm se acelerando. Mais do que em qualquer época, as certezas, as impropriedades, as mentiras e as canalhices estão rapidamente se 'desmanchando no ar'.

Texto produzido em 10/10/2016