Patético, assustador, construtivo

Nesta altura do século XXI, em que até a nanotecnologia chega às salas de aula e é perfeitamente assimilada por crianças, soa patético o comportamento de segmentos da sociedade em defesa de teses retrógradas, tanto na esfera do comportamento quanto no campo das ciências exatas.

É patético, é assustador (porque, afinal, tais segmentos exercem grande influência na política e na economia das nações mais poderosas) e também é sintomático que esteja sendo assim.

Não tenho dúvidas quanto ao processo cíclico vivenciado por nossa espécie, ao longo dos séculos de construção deste modelo civilizatório.

Considero tal modelo equivocado desde as suas raízes, fundadas na constituição da psiquê, e não na formação do primeiro agrupamento humano, como propuseram Marx-Engels.

Mas o fato é que, apesar da compreensão histórica equivocada, vivemos de fluxos e contra-fluxos, de avanços e recuos; vivemos, enfim, desse infindo embate entre teses e antíteses gerador de sínteses que, na verdade, se impõem como novas teses a serem confrontadas...

Poderíamos ter avançado muito mais, caso em algum momento de nossa evolução social tivéssemos atentado para a força das experiências primordiais de nossos sentidos na modelagem dos comportamentos humanos.

Talvez estivéssemos hoje muito mais amadurecidos e emancipados (sob a ótica de Immanuel Kant) e, no entanto, ainda assim estaríamos às voltas com o inevitável embate construtor.

O que estamos hoje vivendo em sociedade, repito, é patético e assustador. Mas não é o fim de nada. É, sim, um momento muito rico, de inflexão rumo a mais um futuro.