O Caos como esperança

A conclusão factual que se impõe, desde o início da noite de 28 de Outubro, é de que a civilização sofreu um profundo e perturbador revés com a vitória da extrema-direita nas eleições do Brasil.

A derrota foi numericamente acachapante (alcançou 39,2% do eleitorado, ou 57,8 milhões de votos), o que de modo algum a legitima. E não apenas porque outros 89 milhões não votaram no representante das trevas, mas porque se tratou de uma vitória obtida através da fraude, utilizando as novíssimas armas de combate psicossocial e ideológico da sociedade.

A produção de fake news e sua disseminação massiva e furtiva via mídias digitais são alguns dos instrumentos da inédita Guerra Híbrida, tanto quanto o são o aparelhamento do sistema judiciário por juízes e procuradores intelectualmente mal formados (secundados por policiais federais idem) e a ação desesperada da velha imprensa oligárquica empenhada em salvar o que resta de seu poder e patrimônio, frente ao avanço inexorável das redes de comunicação globalizadas e sem donos.

Tudo o que passarei a expor, daqui em diante, não se destina a acalmar o espírito dos derrotados (dentre os quais muito me incluo, como se pode ler nos inúmeros textos antes postados neste blog). O que pretendo hoje, aqui, é retomar o fio da meada daquilo que, na falta de melhor definição, chamo de 'dialética do Caos'.

É impossível cavalgar o Caos.

Uma vez aberta a Caixa de Pandora, as maldades do mundo perdem seus freios e seguem seu curso de destruição.

No planeta inteiro está sendo assim: EUA e Europa, em especial, encontram-se sob ataque de extremistas anti-civilização, cujo derradeiro objetivo é criar as condições materiais e políticas para que este planeta se torne propriedade exclusiva da casta dos chamados "1%".

O raciocínio dessa gente é simples: se os recursos da Terra não comportam o nivelamento por cima da qualidade de vida dos 8 bilhões de seres que hoje a habitam, é preciso reduzir drasticamente essa população, seja através da deflagração de guerras convencionais entre países periféricos, da disseminação de doenças a grupos genéticos selecionados, da promoção de genocídios de toda espécie, etc. etc. etc.

Esta a agenda em curso. Dela é que decorre o ambiente caótico em que estamos vivendo.

Sob a ótica das neo-castas a Democracia é um sistema de governo anacrônico, pois, na essência, visa construir o bem comum, a distribuição equânime de justiça, de oportunidades e de riqueza. Num planeta a ser reservado a poucos, atendidos estes por segmentos definidos e controlados de prestadores de serviços, para que serve a Democracia?!

Engana-se, também, quem pensa que a procura por uma alternativa à Terra e o desenvolvimento de tecnologias espaciais capazes de transportar terráqueos a esse possível planeta, no futuro, se destina a encontrar uma saída para a humanidade, tal qual ela hoje é. Não, o objetivo da corrida espacial em curso, agora patrocinada pela iniciativa privada, é exclusivamente elitista. Trata-se de oferecer uma opção de sobrevivência a quem possua os recursos para pagá-la, caso a primeira alternativa (a das neo-castas terrenas) venha a fracassar.
        
No Brasil, de forma cristalina, o fenômeno da multiplicação e disseminação do mal tem se revelado evidente, em especial a partir do impeachment da presidenta honesta Dilma Rousseff, consumado em 2016 mas construído desde três anos antes, quando a cobiça pelo pré-sal (a maior reserva de hidrocarbonetos achada nos últimos tempos, descoberta no litoral brasileiro pela Petrobras) trouxe a  Guerra Híbrida para o nosso país.

A derrota de 28 de Outubro de 2018, portanto, se insere neste macro cenário do planeta.

O grande jogo está sendo jogado.

Amigos e amigas, não percamos a esperança nunca, pois a dialética do Caos é incontrolável.

Texto produzido em 30/10/2018