Patético, assustador, construtivo

Nesta altura do século XXI, em que até a nanotecnologia chega às salas de aula e é perfeitamente assimilada por crianças, soa patético o comportamento de segmentos da sociedade em defesa de teses retrógradas, tanto na esfera do comportamento quanto no campo das ciências exatas.

É patético, é assustador (porque, afinal, tais segmentos exercem grande influência na política e na economia das nações mais poderosas) e também é sintomático que esteja sendo assim.

Não tenho dúvidas quanto ao processo cíclico vivenciado por nossa espécie, ao longo dos séculos de construção deste modelo civilizatório.

Considero tal modelo equivocado desde as suas raízes, fundadas na constituição da psiquê, e não na formação do primeiro agrupamento humano, como propuseram Marx-Engels.

Mas o fato é que, apesar da compreensão histórica equivocada, vivemos de fluxos e contra-fluxos, de avanços e recuos; vivemos, enfim, desse infindo embate entre teses e antíteses gerador de sínteses que, na verdade, se impõem como novas teses a serem confrontadas...

Poderíamos ter avançado muito mais, caso em algum momento de nossa evolução social tivéssemos atentado para a força das experiências primordiais de nossos sentidos na modelagem dos comportamentos humanos.

Talvez estivéssemos hoje muito mais amadurecidos e emancipados (sob a ótica de Immanuel Kant) e, no entanto, ainda assim estaríamos às voltas com o inevitável embate construtor.

O que estamos hoje vivendo em sociedade, repito, é patético e assustador. Mas não é o fim de nada. É, sim, um momento muito rico, de inflexão rumo a mais um futuro.

A luta é titânica

Não sei quanto mais mergulharemos neste abismo de degradações que é o atual sistema de poder dominante no Brasil (e em tantos outros países). Tenho pra mim que ainda levará algum tempo, até que se constitua uma real massa crítica capaz de levantar-se contra o atual processo anti-civilizatório que nos domina.

É a isto que me refiro quando digo que é impossível cavalgar o Caos.

O que nos resta a fazer, contra esse processo obscurantista, é o que já vem sendo feito por muitos: a denúncia permanente, a resistência "altiva e ativa" (como diria o chanceler Celso Amorim) e o contra-discurso em prol da racionalidade, tudo com vistas à construção de pontes rumo à mente dessas milhões de pessoas idiotizadas pelas redes sociais.

E as ferramentas para a realização deste trabalho são exatamente as mesmas de que a extrema-direita doente e burra lançou mão para produzir o seu avanço nos últimos anos. Ou seja, não podemos renegar a tecnologia da comunicação teledigital.

Ao contrário: devemos usá-la para promover o esclarecimento diuturno, incansável, repetido e replicado de mil modos e maneiras, até que se rompam as barreiras psicológicas implantadas nas mentes fragilizadas dessa massa de manobra criada e sustentada pelo extremismo obscurantista financeiro-neopentecostal.

É titânica, a luta que se trava neste momento da História da civilização. Ninguém está brincando, pois o que temos em jogo é, verdadeiramente, o futuro deste planeta. O que temos em jogo é a escolha entre todos caminharmos juntos rumo à construção de uma saída coletiva, criativa, soberana, duradoura, ou deixarmos que se estabeleça uma solução elitizada e excludente.

A primeira opção é civilizatória.

A segunda é barbárica.

 


Quente e fervendo

Liberalismo econômico? Ora, senhores, não sejam ridículos!

O mundo construído sobre esses pilares está se esfarelando sob as suas (falta de) barbas.

O que lhes ensinam nessas escolas que vocês frequentam? O que vocês estudam? O que vocês lêem?
Vocês entendem o que lêem? Vocês estudam mesmo? Parece que não. Ou não estariam pensando e agindo como agem.

Que merda é essa de país que vocês estão querendo construir? Não será o Brasil com futuro, porque isso que está no horizonte (de vocês) é a negação do destino deste povo.

O Partido dos Trabalhadores é uma quadrilha? Lula é o maior dos corruptos? Ora, senhores, façam-me um favor. PT e Lula apenas expuseram a canalhice e a corrupção que construiu essa república que vocês protejem e tutelam desde sempre, a república da corrupção institucionalizada e hipócrita.

E se em algum momento erraram (e erraram!), ao menos reduziram a miséria e descortinaram um caminho de esperança. Um caminho que vocês deveriam estar a trilhar e que, se durarem, um dia trilharão, porque é o único que nos serve.

PT e Lula não podem ser punidos como vêm sendo. É covardia. É canalhice, a velha e escrota canalhice.

Pois bem, é certo que ainda não chegamos ao fundo deste poço.

É preciso que todos tenham ciência disto: ainda falta muito para chegarmos ao fundo.

Vamos, então, mergulhar neste processo de destruição de todas instituições fajutas que vocês construíram ao longo dos 518 anos de nosso País. E vamos seguir sem dó nesta tarefa.

Sem dó nem piedade.

É a nossa catarse civilizatória.

Nosso processo de purificação pelo exercício de todo o mal possível e imaginável, até que mais nenhuma hipocrisia reste de pé.

Vamos nessa.

Com Lula e Dilma tivemos a derradeira chance de realizarmos essa passagem pela via pacífica, construtiva, alegre, prazerosa.

Não foi possível, porém, completar o ciclo virtuoso, solucionar com elegância a equação, completar a travessia gloriosa e bela.

Que venham as trevas!

Vamos pro pau, se é isso que os senhores querem.

Que venham os neo-hunos, os novíssimos velhos bárbaros deste século digital e toda a sua proverbial ignorância e imbecilidade.

Ainda falta muito a ser destruído até que as consciências despertem, a onda malígna se reverta e passe a agir no sentido contrário ao da destruição.

Até lá, segurem-se, senhoras e senhores, porque a viagem vai ser turbulenta.

Um 2019 com saúde a todos os combatentes desta aventura alucinante que já está em pleno curso.
Tenho dito e repito: é impossível cavalgar o Caos.

E viva o povo brasileiro!

Enquanto o isso, "Adeus América", por Susannah McCorkle ou João Gilberto.

Texto produzido em 5/01/2019

A tarefa que se impõe

No livro em processo Do que se fazem as salsichas, aponto a educação emancipadora como a única saída para a humanidade. A tese não é minha e, na verdade, trata-se de uma constatação há muito tempo feita por muitas pessoas, todas preocupadas, a seu tempo, com os rumos da civilização e a nossa sobrevivência como espécie.

Não tenho ilusões de que a educação formal, essa que é regulada pelo Estado (tanto a pública quanto a privada), seja capaz, sozinha, de tal tarefa. Da forma como a sociedade planetária se organizou, em torno de um Contrato Social que, na melhor das hipóteses — qual seja, o sistema democrático — delega aos entes institucionais Executivo, Legislativo e Judiciário o poder de gerir a vida dos cidadãos, sob um Contrato Social como esse, repito, não temos salvação.

Como tantos sábios há tempos previam, esse sistema não se sustenta e hoje está evidentemente arruinado. Opera como um simulacro da realidade. Apresenta-se como verdadeiro, mas atua com falsidade e cinismo. Não executa em favor do interesse geral. Não legisla em favor do bem-estar de todos os cidadãos. Não aplica a lei com isenção e justiça. Está inteiramente corrompido. É um embuste liderado por crápulas engravatados. Uma farsa.
    
O fato é que, desde sempre, o modelo educacional institucionalizado é um sistema de cartas marcadas — leia o texto Pior do que a falta de educação é um educação de merda —, onde o que prevalece é a formação utilitarista, destinada ao fornecimento da mão-de-obra adestrada e ao desenvolvimento de talentos monitorados demandados pelos donos da riqueza do mundo. Esses mesmos que ao longo dos séculos corromperam o Contrato Social.

Não será essa educação utilitarista que mudará o destino do homem, muito menos a que poderá salvar nossa espécie da catástrofe anunciada e a caminho. A educação que importa nunca será ministrada sob o patrocínio ou a regulação do Estado. Isto porque, simplesmente, tal educação se destina a formar indivíduos emancipados, conscientes de seu papel na História, indivíduos esses que, assim sendo, apartam-se de qualquer superestrutura. Tais indivíduos não se submetem ao Estado, mas o Estado, como provedor de serviços, é que a eles deve se submeter.

Hoje se diz que é assim, que os Poderes do Estado (Executivo, Legislativo, Judiciário) estariam a serviço dos cidadãos. Na realidade, ocorre exatamente o oposto. Em nome de uma mentirosa defesa do interesse da maioria se produz toda sorte de violência contra aqueles que optam pela independência intelectual.

O que se passa no Brasil dos nossos dias é um exemplo pornográfico dessa corrupção argumentativa, em que se declara uma coisa e se pratica o seu inverso, num processo cínico de manipulação massiva e metódica de pessoas imbecilizadas. Tudo legitimado com o manto tenebroso de uma justiça dominada pelo dinheiro e pelo medo.

Se não será pela ação do Estado, como se realizará a educação emancipadora, afinal?

A resposta é tão antiga quanto a existência de nossa espécie sobre a Terra: cabe àqueles que já se emanciparam ensinar os caminhos da emancipação para aqueles que lhes são próximos.
 
De certa forma isso já ocorre e sempre ocorreu. Mas agora, diante da premência deste tempo corrompido que se instalou no mundo, é imperativo que a educação emancipadora passe a ser disseminada com método e persistência, pois a vida em nosso planeta está, mais do que nunca, dependente da ação de homens livres.

Texto produzido em 25/11/2018

Pior do que a falta de educação é uma educação de merda

Conquistar educação é mais difícil do que alcançar a riqueza. Os donos da riqueza do mundo, por exemplo, sabem muito bem disso. Sabem que o salário miserável (ou mesmo o salário generoso) que pagam àqueles que os servem não é exatamente o principal motor do seu sistema de acumulação de riqueza, como apontou Marx, erroneamente.

Sabem que, no fundo no fundo, é preciso dificultar o desenvolvimento da capacidade crítica das pessoas e, para isso, manter o sistema de distribuição de educação sob rédeas curtas. É preciso, sob o ponto de vista dos donos da riqueza do mundo, impedir que muitas pessoas pensem demais, enxerguem demais, emancipem-se demais. Pensem "errado", como muitos deles gostam de dizer e agora dizem, no Brasil e em outros pontos do mundo, os defensores da "escola sem partido".

Os donos da riqueza do mundo até admitem, e festejam, quando alguém saído dos estratos inferiores da sociedade alcança notoriedade pela via da obtenção de riqueza. Afinal, eles precisam resolver problemas objetivos da vida social, necessitam manter aceso o desenvolvimento tecnológico, a invenção de novos remédios para os deles e para os nossos males, desde que possamos pagar o preço, o que é ainda melhor, porque assim a economia se movimenta e eles aumentam sua riqueza.

Surgiu um jovem com uma ideia brilhante esperando para ser colocada em prática? Por quê não apoiá-lo, financiá-lo, promovê-lo, deixá-lo enriquecer de modo a que se torne mais um do clube? Isso é meritocracia! Parabéns, rapaz! Você é genial!

E assim caminha a humanidade.

O que não pode e imensamente incomoda aos donos da riqueza do mundo é se alguém de baixo adquire educação verdadeira, ou seja, põe a cabeça fora do penico e vê como de fato é o mundo, como se dão as relações sociais e, pior, vê que é possível mudar a realidade. Aí não pode! Lembra um personagem da minha juventude, o Dinho, que andava ligeiro pela Praça da Independência, em Santos, e falava aos ouvidos das pessoas com quem cruzava: "Não pode!" É, "não pode!", não.

Pode ter educação formal, essa que está disponível ao grande público e que em muitos países é até gratuita, garantida pelo Estado. O que não pode, aos olhos dos donos da riqueza do mundo, é a educação que vai além, a educação que nos liberta para pensar, para questionar as relações sociais vigentes. E também não pode, é terminantemente proibido, atuar no sentido de mudar o status quo.

Quando alguém possui tal educação (por dom divino ou opção) e, com suas palavras e atos, passa a disseminar seus conceitos e práticas, em busca da concretização da utopia, os donos do dinheiro do mundo se incomodam e põem seus exércitos nas ruas para abortar a ousadia. Do seu ponto de vista, cada época tem sua cota admissível de pessoas verdadeiramente educadas. Esse número não pode, de maneira alguma, ser ultrapassado, sob pena de ameaçar a estrutura social desde sempre construída.

Durante muito tempo o acesso à educação, mesmo essa mais simples, corriqueira, básica, utilitarista esteve restrito e vigiado, para que as possibilidades que ela discortinava não se disseminassem sem controle (leia o livro "O nome da rosa", de Umberto Eco, ou veja o filme). O andar da carruagem da História foi aos poucos distendendo essa vigilância, mas sem nunca admitir o óbvio revolucionário: educar o homem é emancipar o homem.

Não. Para os donos da riqueza do mundo, educar é tão somente instrumentalizar o homem.
Por quanto tempo, ainda?!

Texto produzido em 7/11/2018 

A Era do Rompimento

Hoje desejo retomar o passo que sempre quis imprimir a este blog: fundir minhas reflexões sobre a nossa caminhada civilizatória com o momento histórico que estamos vivendo no Brasil e no mundo, o qual considero perturbadoramente rico e de muito sofrimento físico e intelectual para todos.

Começo por linkar este texto a outro que publiquei em 10 de novembro de 2017, falando sobre os novos tempos que já se anunciavam em nosso país: E agora com vocês, senhores e senhores, a neoDITADURA!.

Pois bem, tivemos a Pré-História, a Idade Antiga, a Idade Média, a Idade Moderna, a Idade Contemporânea.

Entramos agora, talvez, na Idade do Rompimento.

Graças aos novos meios e modos digitais de comunicação (os sempre aperfeiçoados gadgets e aplicativos), cada portador de um smartphone é um disseminador de granadas de sentidos, combatente individual-grupal a serviço do processo de dirupção instalado pela nova dinâmica das relações sociais.

Falei sobre um dos lados dessa moeda no artigo anterior, a propósito da vitória de Bolsonaro na eleição brasileira: O Caos como esperança. Agora quero pensar sobre alguns pontos desse novo (aparentemente) momento histórico.

Primeiramente, recuso-me a condenar a tecnologia, pois dependemos do avanço das ciências e de suas aplicações para continuar acreditando e trabalhando em prol de uma alternativa viável para a vida neste planeta. Se as forças que dominam o Capital entenderam antes o processo de dirupção e vêm avançando enormemente em sua aplicação, mundo afora, isso não significa que ele um mal absoluto.

Precisamos entender, para afastar o pânico ou a indiferença, que o passo da História é irreversível.
Os novos meios e modos de comunicação estão (ou poderão estar) ao alcance de todos.

Se um lado os vêm utilizando para construir as condições de uma Terra exclusiva para os materialmente mais afortunados, atuando metódica e massivamente sobre os instintos primários de cada ser humano que alcançam, pela via tele-digital, o outro lado também deve se contrapor a essa ofensiva, apelando para os mesmos instintos.

A diferença (ética) será que, ao invés de tensionar o medo para provocar o ódio e o retrocesso, tensionar o medo para provocar o gosto pelo desafio e a superação.

Transformar o medo em indutor de comportamentos é um processo que nos remete aos primórdios da espécie, quando o homem mais primitivo (anterior ao homem agrário sobre o qual se fundou o sistema filosófico proposto por Marx) foi colocado diante da escolha fundadora desta nossa civilização: avançar ou desaparecer.

Nosso planeta é um maravilhoso ambiente girando no Cosmos. Talvez único. Por isso, todos o cobiçam. Não podemos deixar que a Terra seja transformada em um paraíso para poucos.

Texto produzido em 5/11/2018

O Caos como esperança

A conclusão factual que se impõe, desde o início da noite de 28 de Outubro, é de que a civilização sofreu um profundo e perturbador revés com a vitória da extrema-direita nas eleições do Brasil.

A derrota foi numericamente acachapante (alcançou 39,2% do eleitorado, ou 57,8 milhões de votos), o que de modo algum a legitima. E não apenas porque outros 89 milhões não votaram no representante das trevas, mas porque se tratou de uma vitória obtida através da fraude, utilizando as novíssimas armas de combate psicossocial e ideológico da sociedade.

A produção de fake news e sua disseminação massiva e furtiva via mídias digitais são alguns dos instrumentos da inédita Guerra Híbrida, tanto quanto o são o aparelhamento do sistema judiciário por juízes e procuradores intelectualmente mal formados (secundados por policiais federais idem) e a ação desesperada da velha imprensa oligárquica empenhada em salvar o que resta de seu poder e patrimônio, frente ao avanço inexorável das redes de comunicação globalizadas e sem donos.

Tudo o que passarei a expor, daqui em diante, não se destina a acalmar o espírito dos derrotados (dentre os quais muito me incluo, como se pode ler nos inúmeros textos antes postados neste blog). O que pretendo hoje, aqui, é retomar o fio da meada daquilo que, na falta de melhor definição, chamo de 'dialética do Caos'.

É impossível cavalgar o Caos.

Uma vez aberta a Caixa de Pandora, as maldades do mundo perdem seus freios e seguem seu curso de destruição.

No planeta inteiro está sendo assim: EUA e Europa, em especial, encontram-se sob ataque de extremistas anti-civilização, cujo derradeiro objetivo é criar as condições materiais e políticas para que este planeta se torne propriedade exclusiva da casta dos chamados "1%".

O raciocínio dessa gente é simples: se os recursos da Terra não comportam o nivelamento por cima da qualidade de vida dos 8 bilhões de seres que hoje a habitam, é preciso reduzir drasticamente essa população, seja através da deflagração de guerras convencionais entre países periféricos, da disseminação de doenças a grupos genéticos selecionados, da promoção de genocídios de toda espécie, etc. etc. etc.

Esta a agenda em curso. Dela é que decorre o ambiente caótico em que estamos vivendo.

Sob a ótica das neo-castas a Democracia é um sistema de governo anacrônico, pois, na essência, visa construir o bem comum, a distribuição equânime de justiça, de oportunidades e de riqueza. Num planeta a ser reservado a poucos, atendidos estes por segmentos definidos e controlados de prestadores de serviços, para que serve a Democracia?!

Engana-se, também, quem pensa que a procura por uma alternativa à Terra e o desenvolvimento de tecnologias espaciais capazes de transportar terráqueos a esse possível planeta, no futuro, se destina a encontrar uma saída para a humanidade, tal qual ela hoje é. Não, o objetivo da corrida espacial em curso, agora patrocinada pela iniciativa privada, é exclusivamente elitista. Trata-se de oferecer uma opção de sobrevivência a quem possua os recursos para pagá-la, caso a primeira alternativa (a das neo-castas terrenas) venha a fracassar.
        
No Brasil, de forma cristalina, o fenômeno da multiplicação e disseminação do mal tem se revelado evidente, em especial a partir do impeachment da presidenta honesta Dilma Rousseff, consumado em 2016 mas construído desde três anos antes, quando a cobiça pelo pré-sal (a maior reserva de hidrocarbonetos achada nos últimos tempos, descoberta no litoral brasileiro pela Petrobras) trouxe a  Guerra Híbrida para o nosso país.

A derrota de 28 de Outubro de 2018, portanto, se insere neste macro cenário do planeta.

O grande jogo está sendo jogado.

Amigos e amigas, não percamos a esperança nunca, pois a dialética do Caos é incontrolável.

Texto produzido em 30/10/2018

O que me acalma

O que me acalma é o fato de que estou (estamos) do lado da boa luta. Ou, como disse outro dia o grande José Dirceu, 'o fio da história do Brasil é o fio que nós representamos, e não o fio das forças da direita'.

Diria que não só 'do Brasil', mas deste planeta, Zé.

A fala recente do linguista norte-americano Noam Chomsky em apoio a Lula — veja AQUI — é mais uma.

Mais uma eloquente demonstração do que está em causa.

Lula é o Brasil. E o Brasil naquilo que este País tem de mais promissor frente ao resto do mundo: a potencialidade de construir um novo caminho civilizatório.

Pode parecer pretensioso, mas não.

O Brasil tem uma destinação histórica planetária.

É ponto de convergência de todas as raças.

É terreno onde quaisquer religiões se professam em harmonia e onde tantas línguas se mesclam numa fala comum.

Um lugar e um povo como este tem um papel a cumprir no Cosmos.

Não será um grupo de medíocres covardes, hoje instalado no Supremo Tribunal Federal (apenas para exemplificar), que irá impedir o curso da grande História.

Parafraseando Mário Quintana:

Todos esses que aí estão
Atravancando o nosso caminho,
Eles passarão...
Nós passarinho!

Texto produzido em 21/04/2018

PERDEMOS. O que fazer?

O fato de estar distante do Brasil desde o dia 22 de março, longe do clima opressivo e das comemorações calhordas pela prisão de Luiz Inácio Lula da Silva, mas, graças à internet, perto de tudo o que acontece no País, talvez me permita fazer algumas observações realistas sobre o presente e o futuro. Observações estas que, já admito, não diferem muito do que venho aqui afirmando há meses.

O encarceramento de Lula é irreversível.

Pode se estender por muitos meses, anos, ou quem sabe até a sua morte (natural ou provocada), na prisão criminosa que lhe impuseram.

De nada adiantarão os atuais recursos. Nenhum efeito causarão os argumentos em favor do exame do mérito de seus processos nas instâncias superiores. (E ainda assim torço para que eu esteja errado...)

Lula, como ele mesmo disse, é hoje uma IDEIA. Uma IDEIA (de soberania, de autoafirmação e de inclusão social) que os promotores deste "golpe continuado" destruíram.

Sim, já destruíram. Eles ganharam; nós perdemos. É simples assim, mas nada termina aqui.

PRIMEIRO PASSO:

Chega de alimentar ilusões e gerar frustrações.

Quem quiser fazer acampamento nos arredores da prisão de Lula, que o faça. Mas que ninguém mais alimente a esperança de que essas iniciativas venham a produzir sua liberdade.

Lula sabe disso. Só não o diz com todas as letras, porque não se trata daquilo que os idealizadores/executores da destruição deste País gostariam que fosse: a capitulação e, por consequência, submissão completa e definitiva do povo brasileiro.

Não.

Lula não restará abandonado na moderna masmorra que lhe impuseram.

SEGUNDO PASSO:

A tarefa que cabe a nós, que estamos aqui (do lado de fora daquela cadeia), não é indefinidamente pranteá-lo, exaurindo assim as nossas forças. Nossa tarefa primordial, agora, é desnudar todos os motivos e revelar todos os personagens que (através da destituição de Dilma e da condenação de Lula) levaram o Brasil a regredir 130 anos, reescravizando-nos a todos.

Este é o som rouco que as ruas devem produzir e manter, sem tréguas, em favor do retorno da nossa democracia e, por consequência, da libertação de Lula.

Muito já se disse sobre as tais MOTIVOS e PERSONAGENS por trás (e à frente) da safadeza que fizeram contra nosso País e seu povo.

Agora é preciso aprofundarsistematizardisseminar essas informações por todos os meios possíveis, das formas mais simples e compreensíveis que se puder comunicar.

Nosso povo não tem armas (nem índole) para fazer uma revolução clássica, com sangue nas ruas. E talvez esse tipo de revolução nem mesmo seja mais possível neste século que corre, tal qual a guerra híbrida contra o Brasil acaba de demonstrar.

Perdemos.

Eles ganharam.

Agora nós conhecemos suas armas. E essas armas estão ao nosso alcance. Vamos usá-las contra eles, de forma organizada, redundante, massiva, letal.

É hora de reorganizar nossas tropas. Definir tarefas. Ganhar consciências. Lutar a boa luta.

Texto produzido em 11/04/2018

O que queremos? Liberdade!

Um Brasil mais solidário, socialmente justo, distributivo, tolerante, esperançoso e realizador, como um pouco foi experimentado durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, tem seus alicerces fincados em nossa (humana) atávica necessidade por liberdade.

Posto em relevo pela cultura grega, em especial nas guerras contra os persas, o sentimento de liberdade revelou-se a grande força construtora da alma combativa, perseverante, cooperativa e democrática.

O que estamos perdendo hoje, em nosso País, é exatamente isto: o direito de manter a liberdade.

Nos anos 60 do século passado, uma juventude vinda do pós-II Guerra, formada a partir da cultura libertária resultante da luta contra o nazi-fascismo, imediatamente entendeu o sentido da opressão institucionalizada pelo golpe militar e a ela reagiu com ímpeto, bravura e generosidade.

Perdeu a luta, mas manteve viva a chama da liberdade, disseminando-a gradativamente a outros segmentos sociais, até que se esgotasse a força daquela ditadura.

Neste começo do século XXI, o mundo está diferente. A cultura dominante é o individualismo ególatra, que se desdobra em acumulação, posse desmedida, controle sobre tudo e sobre todos.

E, no entanto, lá no fundo da nossa psiquê está a necessidade de sermos livres.

É pela liberdade que vivemos.

Ela é a bandeira que empunhamos, a luz que esclarece, o norte que vislumbramos...

A vida humana só tem sentido com liberdade.

Texto produzido em 11/03/2018

Imersos na loucura

Em 9 de agosto de 2017, frente à soberba desses que patrocinaram e perpetraram o golpe de Estado contra o Brasil, com a derrubada da presidente honesta Dilma Rousseff em 2016, publiquei o texto É impossível cavalgar o Caos.

No 3º dia deste novo ano, diante da falência total e completa das instituições desta nação, escrevi Repito, é impossível cavalgar o Caos.

Hoje, constato que o Caos atingiu um novo patamar: estamos sob o império da loucura (aqui e por todo o canto, pois o fenômeno não é só brasileiro).

Neste ambiente perturbado onde os desvarios individuais se projetam sobre a vida social concreta, cotidiana, os absurdos passam a ser aceitos como normais, desdobrando-se em novos desatinos que, por sua vez, logo são normalizados.

É como se a loucura, já sem nenhum controle, gerasse seus próprios disparates, restando às pessoas e ao conjunto da sociedade a mera condição de personagens cegos e surdos, sem nenhum conhecimento ou poder sobre o que lhes é dado a representar.

É por isso que a cada dia, hora e minuto nos deparamos com novas manifestações de insanidades, a maioria originária dos mais elevados escalões institucionais do Estado (daqui e de todos os lugares), sem que isto nos choque e provoque efetiva reação.

A tudo aceitamos, porque estamos imersos num caldo de aberrações.

E nesse estado de paroxismo nada mais surpreende, a ninguém.

Nada comove.

É o fim da empatia.

Toda inversão é admissível, qualquer negação é aceitável. E não porque sejamos hoje mais tolerantes, mas porque não somos agora mais capazes de acompanhar essa novíssima realidade.

Onde não há mais lógica.

Onde os efeitos já não correspondem a causas determinadas.

Onde qualquer motivo, por mais fútil, é capaz de se transformar em fato gerador de um macro evento catastrófico. E ninguém se importará em buscar justificativas, explicações, soluções.

Não há mais tempo.

Quando a loucura se instala no processo civilizatório, é como se o átomo da coerência entrasse em colapso.

Estamos à procura de um fim.

Texto produzido em 24/02/2018

A tranquilidade de Lula

Não tenho procuração do homem, nunca estive com ele, não sou vidente nem psicólogo, mas tenho a impressão de que Luiz Inácio Lula da Silva está hoje tão tranquilo como sempre esteve, apesar dos tormentos a que (abertamente, sob a vista de todos) tem sido submetido progressivamente desde 2003, quando, para a surpresa do multissecular sistema de poder que nos (des)governa, tornou-se Presidente da República.

Já abordei um pouco desse tema em outras postagens, mas sempre vale repisar o assunto, para não perdemos a dimensão do momento que estamos vivendo (aqui e no mundo, pois nunca os interesses econômicos estiveram tão globalmente interligados como agora).

Lula, há tempos, deu um xeque-mate nessa corja (de criminosos engravatadas) que comanda as instituições brasileiras, a serviço de interesses externos e (como troco) de seus próprios bolsos (haja vista os lucros fantásticos dos bancos nacionais, apesar da recessão produzida pelos golpistas, e os ganhos imorais de juízes e procuradores, apesar do esvaziamento dos cofres dos estados e da União).

É preciso entender que quem está ganhando mesmo, e nunca deixou de ganhar, são os financistas internacionais e seus sócios das multinacionais petroleiras, que já se apossaram das riquezas do pré-sal e já garantiram ganhos fabulosos aplicando em títulos do governo do nosso país, cujos juros são pagos com os recursos desviados dos programas sociais e do corte dos investimentos públicos.

Um mantra recorrente do neoliberalismo é o de que o  Brasil estaria sempre ‘cometendo o erro de não se beneficiar de suas riquezas, abrindo sua exploração ao capital estrangeiro, e por isso tem perdido o passo da história’. A mais recente argumentação nesse sentido diz respeito exatamente à exploração do pré-sal. O argumento é de que o petróleo está sendo substituído por outras fontes de energia e, por isso, nós deveríamos acelerar a extração das nossas reservas, antes que elas percam valor.

Isto não passa de um argumento entreguista disfarçado de defesa dos interesses nacionais. O fato é que a partir da descoberta do pré-sal, no governo Lula, o Brasil vinha explorando suas imensas novas reservas na velocidade adequada, vinculando esse processo à reativação de toda uma cadeia produtiva de fornecedores, com geração de riqueza, emprego e renda, bem como destinando larga parcela dos lucros obtidos para as áreas de Educação e Saúde, entre outras prioridades nacionais. Sem pressa, mas com ousadia, pois houve um momento em que a Petrobras era uma das petroleiras que mais investimentos realizava no mundo.

Além disso, o terror criado em torno da substituição do petróleo como fonte de energia não se sustenta. Os levantamentos mais rigorosos indicam que isto não ocorrerá em menos de 70, 80 anos, ou mais, pois novas áreas de prospecção podem ser descobertas, como ocorreu com o pré-sal brasileiro. E mais: é preciso lembrar que, mesmo quando for substituído como fonte de energia (gasolina, diesel, gás liquefeito, óleo combustível), o petróleo continuará sendo largamente necessário como matéria-prima da indústria química, matriz de uma infinidade de produtos, como remédios, cosméticos, borracha e tecidos sintéticos, lubrificantes, alimentos, plásticos etc.

Nesse sentido, no dia em que o petróleo realmente acabar, não apenas o Brasil será afetado, mas todo este modelo de civilização entrará em colapso. Portanto, o que se quer com essa investida sobre as reservas do pré-sal brasileiro (que está na raiz do golpe perpetrado contra Dilma Rousseff, as perseguições a Lula e a destruição de todos os focos de resistência democrática existentes em nosso país) é extrair o petróleo brasileiro a preço barato, até que nossas reservas estejam esgotadas.

O mesmo pretendem fazer com o petróleo da Venezuela, que possui as maiores reservas conhecidas do planeta, e só não fazem o mesmo com a Rússia (outro país com imensas reservas) porque aquele país possui poderio nuclear. É simples assim.

E o que Lula da Silva tem a ver com isso? Por que ele, Lula, estaria mais tranquilo do que seus poderosos adversários, neste momento?

Lula está tranquilo porque todas essas informações não são mais exclusivas de uma pequena parcela de poderosos. Cada vez mais pessoas estão percebendo os verdadeiros motivos por trás dos golpes, das crises, da miséria generalizada, da exploração, de exclusão social e da promoção da intolerância.

Este é o xeque-mate a que me refiro.

Lula não se importa se vão prendê-lo hoje ou amanhã. Isso, para ele, não é o que mais interessa — leia O filho do povo venceu!

O importante é que a informação (a mais valiosa das riquezas humanas) vazou.

E vai vazar ainda mais.

Texto produzido em 16/02/2018

A farsa tem de ser exposta. Como?

A conclusão realista é de que, apesar da revolta e indignação de tantos, no Brasil e mundo afora, a condenação de Luiz Inácio Lula da Silva em todas as instâncias já está decretada. E sua prisão deve acontecer, mais cedo ou mais tarde.

Não se trata, nunca se tratou, de um legítimo processo judicial.

Nem mesmo de um julgamento de exceção.

É na verdade um não-julgamento, uma corrupção da lei, exercitada com método e disciplina.

Uma anti-obra de arte de canalhice coletiva e institucionalizada.

Uma infâmia exposta, praticada à vista de todos.
  
Não interessam provas, nem argumentos lógicos de defesa.

Nenhum recurso será concedido.

Nada que possa, mesmo de longe, beneficiar Lula será admitido.

Supremo Tribunal Federal? Esqueçam!

Até uma possível condenação do Brasil pela Comissão de Direitos Humanos da ONU, no processo contra as perseguições a Lula, será solenemente ignorada pelo Judiciário, pelo Executivo, pelo Legislativo nacionais. Vocês acham que Carmen Lúcia, Michel Temer, Rodrigo Maia estão preocupados com isso?

Estamos, todos, imersos numa grande farsa.

Fingimos acreditar que um dia, em alguma instância, a razão e a justiça prevalecerão, enquanto os 'podres poderosos' avançam. Céleres e cínicos.

Revolta? Sangue nas ruas em defesa de Lula e do País que está em franca destruição?

Esqueçam!

Quanto a Lula, só vejo uma saída: denunciar a farsa ao mundo, retirar os recursos em andamento, suspender sua defesa em todos os processos. Negar-se a legitimar essa palhaçada.

Lula, você é um cara sério, tem uma história, tem um legado, tem o reconhecimento do povo.

Seus acusadores e detratores são o lixo moral. O que diferencia um Leo Pinheiro de um Moro?

O mundo todo já sabe que você é vítima de um crime judical-midiático patrocinado por corporações internacionais, associadas a seus capachos brasileiros.

Pare de se debater.

Gandhi mostrou o caminho.

Texto produzido em 30/01/2018