Sobre a inteligência

O substantivo feminino inteligência e o adjetivo inteligente podem ser e são usados para definir muitas coisas.

Um sujeito que compreende rápido o que lê ou ouve é chamado de inteligente, bem como o cara que demonstra erudição, mesmo que decorada, sem entender exatamente o que está falando.

Uma pessoa hábil também é chamada assim, de inteligente.

Até mesmo, imagine!, os serviços de espionagem contra governos, instituições e pessoas ganham o nome de "inteligência".

Mas, convenhamos, a verdadeira inteligência se demonstra na capacidade de discernimento das pessoas. Nas escolhas conscientes que elas fazem, cientes das consequências de seus atos.

Por isso — para encurtar a conversa —, não considero inteligente um ser humano que pratica (ou cria as condições para a prática) do fascismo.

Não considero inteligente um sujeito que se coloca contra os princípios humanistas.

Não considero inteligente, por exemplo, um cara que tendo estudado ética e leis, ao ser aprovado num concurso para a Magistratura de seu país, esqueça a ética e passe a utilizar as leis em favor de uma ideologia excludente e elitista.

Na História da Humanidade alguns respeitados pensadores defenderam, sim, o valor da predominância de minorias sobre as maiorias. E nem por isso tais pensadores podem ser tomados como pessoas inteligentes. Talvez tenham sido covardes, comodistas, oportunistas (e coisas assim...), mas não inteligentes.

Ao contrário, eles traíram a inteligência.

Ouso dizer que a inteligência aponta para a inclusão social, para a busca do amadurecimento e da emancipação de todos os seres humanos, para o caminho do progresso equilibrado do planeta.

Ela aponta para a utopia e não para o amesquinhamento do homem.

Assim pensando — e para não perdemos as referências com o Brasil de hoje —, não considero Moro, Mendes, FHC e semelhantes pessoas inteligentes.

Muito ao contrário: são pessoas burras.

Além de, a seu modo, criminosas.

Texto produzido em 13/03/2017