"Do que se fazem as salsichas" - Posfácio

Este trabalho decorre, primeiro, da observação do comportamento das pessoas que de alguma maneira passaram pela minha vida, da primeira infância ao início da adolescência em Manaus, capital do Amazonas, na Rua Sete de Setembro e imediações. Também resulta, é claro, de todas as minhas experiências seguintes; das coisas que escutei e estudei; dos inúmeros, inúmeros filmes que assisti; e dos incontáveis livros de ficção e não-ficção que li desde Manaus, muitos deles clássicos, herdados de meu pai.

Nos últimos dez ou quinze anos fiz buscas incessantes de informações confiáveis na internet, baixando estudos, artigos, entrevistas e documentários em vídeos, bem como pesquisas complementares em verbetes na enciclopédia virtual Wikipédia. O resultado são essas reflexões e propostas talvez pretensiosas, mas, umas e outras pensadas com o rigor que meu poder de autocrítica e minha capacidade de abstração permitiram.

Quis fazer esse trabalho mais jovem e ainda bem que não me empenhei na tarefa, apenas guardei sua ideia-mestre. Hoje, quando já me encontro na velhice, pude falar tudo o que aprendi e penso, sem medo de ferir suscetibilidades, perder amigos, fazer inimigos e cair no ridículo. Quem se dispôs/dispuser a me ler, que faça bom proveito. É isso.


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O título deste trabalho
é uma brincadeira com a frase “Leis são como salsichas e jornais; é melhor não saber como são feitos", atribuída ao chanceler alemão Otto Von Bismarck (1815-1898). Do ponto de vista geral, da acumulação de conhecimentos, salsichas somos todos nós, da espécie humana. Na minha visão, são as pessoas autodidatas, que constroem seu conhecimento de forma não metódica, baseando-se em fontes diversas, nem sempre identificáveis, com uma grande dose de observação direta da vida em volta e muita reflexão. A maioria dos jornalistas, até a minha geração, que ingressou na profissão na década de 70 do século passado, foi assim; agora, não sei. Penso que é uma característica desse meio, um vício, uma necessidade, pois, para ser um jornalista ao menos razoável você precisa ser cético, curioso, eclético, reflexivo. Perceba que estou falando de autoconstrução, e não de como são feitas as salsichas...