Que "o inesperado faça uma surpresa"

Por que as pessoas são diferentes? A Astrologia tem uma explicação  detalhadamente exposta pelo professor Cid Marcus, aqui: https://cidmarcus.blogspot.com/ —, que não é, nem poderia ser, inteiramente determinística, ou seja, de submissão das pessoas às características de seu signo, ascendente, etc.

Ou seja, a Astrologia contempla apenas o potencial do vir a ser de cada indivíduo que assoma a este planeta, a partir do encontro de um espermatozoide (dentre os 40 a 300 milhões produzidos numa única ejaculação de um homem são) e um óvulo (dentre os 400 possíveis de serem liberados durante a vida reprodutiva de uma mulher sadia).

De posse de seu patrimônio genético e, portanto, cósmico, cada homem será moldado (pela família e sociedade) e moldará (através de seus recursos cognitivos e livre arbítrio) o indivíduo que atravessará uma existência de realizações, não necessariamente positivas ou negativas, muito ao contrário.

E porque as pessoas são assim, tão individualmente diferentes, competitivas, é que exponho meu ceticismo quanto à possibilidade de um dia virmos a construir, alcançar e manter a harmonia social tão necessária para a preservação da vida neste planeta.

Vivo, confesso, a condição de um esquizofrênico consciente, que tem certeza de sua permanente incoerência (desejar sem acreditar na possibilidade), mas que se recusa a ceder em favor do lado mais sombrio da força, qual seja o da impossibilidade de acontecer. Sempre deixo aberta a janela para o autoengano, na esperança de que "o inesperado faça uma surpresa", como cantou o magnífico Johnny Alf.

E é por desacreditar/acreditar em nossa humanidade que continuo aqui, de plantão. Desesperado com tantos e tão incontornáveis conflitos, vendo as peças do mundo cada vez mais se embaralhando; testemunhando a vitória persistente da infâmia e o sorriso debochado dos vilões.

Será hoje, será amanhã que ela virá? Quem, qual delas será? Enquanto isso, da mesma janela da promissão enxergo as devastações coletivas, as iniquidades individuais, as tolas vitórias dos iludidos. Mas, espere, do que estávamos falando, mesmo? Ah, sim, de quanto as pessoas são diferentes...