Lula, a quem interessar possa

Nesta resposta a quem interessa possa, eu insisto: não se trata de que o Lula seduz aqueles que dele se aproximam, o que ocorre é que o indivíduo Lula da Silva é um legítimo portador daquilo que mais poder tem de seduzir o ser humano  a ousadia da liberdade. É impossível resistir à alegria [e à força] sem dissimulações de um homem que pratica a liberdade.

Lula da Silva, ontem, 2 de Fevereiro de 2024, não fez um (na festa dos 132 anos do Porto de Santos, quando anunciou a construção de um túnel ligando as duas margens do estuário do maior terminal marítimo da América Latina, uma obra que a região esperava há quase 100 anos), mas três discursos balizadores para o que será este ano de eleições.

O segundo foi na sede da Volkswagen (que anunciava investimentos de 14 bilhões de reais em suas unidades produtivas no Brasil), onde ele reencontrou seu berço político-sindical e se emocionou com este fato, citando nomes de antigos companheiros e até de desafetos do início de sua épica jornada, do sertão de Pernambuco aos mais elevados palcos do planeta). O terceiro foi diante da militância petista, na festa de refiliação de Marta Suplicy ao partido, para disputar a Prefeitura de São Paulo como vice de Guilherme Boulos, do PSOL.

Neste último, falando desde o fundo de sua alma e arranhando sua garganta, emergiram pensamentos lapidares e definitivos. Primeiro, apontou o óbvio: qualquer pesquisa que se faça mostra que o Partido dos Trabalhadores é reconhecido por no mínimo 20% da população brasileira, com o segundo lugar mal alcançando 1 ou 2%. Deste fato, Lula da Silva extrai um questionamento iluminador: por que, então, em eleições municipais o PT não consegue fazer ao menos 20% de prefeitos e vereadores?

Em segundo lugar, e não menos importante, bateu firme no identitarismo, a hipocrisia da moda que grassa entre os chamados progressistas.Observe-se, Lula da Silva não é contra mulheres, negros, brancos, jovens, católicos, velhos, evangélicos ou quem quer que seja ou queira ser. Lula da Silva  como indivíduo livre, que é  só não aceita a tese de que as pessoas devam ser festejadas (e, no caso, se tornem candidatas) pelo seu lugar de fala.

O raciocínio é simples e claro: a escolha de candidatos a vereadores e prefeitos, por exemplo, deve recair sobre aqueles indivíduos que possuam luz própria, liderança reconhecida e afinidade inquestionável com o Programa do PT. Essas são as condições essenciais a qualquer candidato. Pouco importa se a pessoa tem essa ou aquela cor, credo, idade, condição física ou sexual. Se houver convergência com os inúmeros lugares de fala, ótimo, mas que o lugar de fala não seja uma pré condição.

A sedução que emana do indivíduo Lula da Silva, insisto, é aquela de se estar diante de um ser humano que nos ensina a praticar a liberdade. Quando ele conta a história do dia em que incorporou a pobreza de sua infância e adolescência, transformando-a em patrimônio inigualável frente às lideranças maiores do planeta, e para elas discursou de cabeça erguida, falando em seu então precário Português sobre as responsabilidades históricas que recaiam nos ombros daqueles poderosos senhores, quando ele conta essa história (e o fez ontem de novo, falando às jovens e aos jovens trabalhadores da Volkswagen à sua frente) não é para se jactar. É para mostrar como se pode e deve praticar a liberdade.


Os vídeos:

No Porto de Santos

Na Volkswagen 

Na refiliação de Marta Suplicy