Tenha modos, rapaz!

Não sabemos nada de nada, ainda, após tantos anos construindo esta civilização. Mas o que sabemos não pertence a ninguém, em particular. Por isso, é risível quando alguém se vangloria de ter 'descoberto' isto ou aquilo; ainda mais quando se ouvem protestos sobre direitos autorais, sejam lá do que forem.

O que sabemos é consequência de uma linha de pensamento que vem sendo captada pelos sentidos, pela intuição, e processada pelo entendimento, desenvolvendo e enriquecendo a cabeça do ser cósmico que somos. Isto desde o começo; desde o instante em que se deu o grande clarão atmosférico e aqueles que viviam ao léu souberam que o medo era o motor de cada um.

O que fazemos e como agimos, desde então, é resultado de ideias que vêm sendo gestadas há milênios, mais as experiências que produzimos no contato cotidiano com nossos iguais, os demais integrantes da nossa espécie. O resto é o velho argumento capitalista destinado a promover a acumulação de renda pela minoria — tanto quando o questionável direito a heranças — e a posse de bens quase sempre inúteis, desnecessários, excessivos. E, nesse sentido, esse resto deve ser relativizado.

O conhecimento circulante pertence aos habitantes deste planeta e à época em que ele é utilizado. Se uma descoberta importante, em qualquer ramo, foi formulada por esta ou aquela pessoa física (as jurídicas são apenas exploradoras do suor alheio, e assim devem ser tratadas), essa ideia deve ser comemorada, disseminada e seu autor reconhecido, festejado até; nunca tornado proprietário de sua utilização, pois isto amesquinha o caráter do indivíduo.

Propriedade autoral? Ora, tenha modos, rapaz!


Texto produzido em 16/10/2013