Adeus às revoluções. Viva a revolução!

Há não muito tempo, confesso  e já me encontro com 75 anos , tomei consciência da impossibilidade de se mudar o mundo, ou até mesmo um único país, pela via revolucionária socialmente estruturada.

Estaria desistindo dos velhos sonhos, sendo vítima de senilidade? Não creio, pois considero deter ainda suficiente capacidade cognitiva para apontar essa realista conclusão: as revoluções estruturadas são fenômenos irrepetíveis.

Foi o avanço dos conhecimentos científicos, ocorrido a partir do século XV, na Europa, que germinou o processo sociopolítico responsável pela ocorrência da Revolução Francesa, trezentos anos depois. O mesmo ímpeto efervescente, agora sob o impacto da tecnologia, deitou as raízes dos embates ideológicos, proporcionando o advento da Revolução Russa em 1917, e da Chinesa em 1949.

Até então tínhamos um mundo em que as ambições nacionais eram teoricamente possíveis (embora nunca tenham realmente sido). Pensávamos; pensavam os homens daqueles tempos que seria possível mudar o mundo a partir de mudanças promovidas em nossas próprias aldeias (nações). Falharam; falhamos miseravelmente.

A tragédia só não foi maior porque, como já havia nos alertado Antoine Lavoisier, em 1785, "na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Em consequência dessa constatação, tem sido possível observar que, embora falhas em seu propósito mais ambicioso, as revoluções socialmente estruturadas produziram inflexões importantes; se não capazes de uma total mudança de curso, ao menos de momentaneamente interromper o passo rumo à derrocada civilizacional.

Ou seja, esse tem sido e é o caminhar inevitável da História. Ocorre que agora, neste exato tempo em que vivemos esse modelo de revolução é um anacronismo, um saudosismo romântico a ser racionalmente evitado. Dele só podemos aproveitar o ambicioso e eterno propósito nunca realizado, mas que nos serve de estrela guia e inspiração: a conquista da maturidade da espécie humana.

A revolução que cabe aos dias de hoje não é nacional, muito menos global. Ela é pessoal, individual, mental. E já vem se realizando, silenciosamente, ao redor do planeta.

Primeiro, em cada pessoa consciente de sua própria responsabilidade cósmica. Logo (torço!), alcançando a Humanidade inteira, a partir da disseminação dos frutos produzidos, pelo exemplo desse contingente de pessoas esclarecidas, a parcelas cada vez mais largas da sociedade planetária.

Portanto, caro amigo, não cobre revoluções de nenhum dos chefes de governo que agora comandam nações. Eles não as farão, e se tentarem serão massacrados pelas forças do reacionarismo alimentado pelo medo, ou fracassarão frente ao poder dos que fazem fortuna em cima da idiotia social. Ao contrário, faça você mesmo a revolução. Revolucione-se.